Dia perdido... Na chuva!

Bacana é quando você escolhe o único dia da semana que choveu para fazer todas as saídas que darão errado!

Dias atrás eu estava no FAS (que é um centro de apoio ao “desempregado” aqui em Dublin e podemos imprimir curriculo de graça lá) e enquanto eu esperava as minhas impressões fiz amizade com um português.

Conversamos um pouquinho e fui embora.

Ontem enquanto eu andava pela rua (de novo em direção ao FAS) encontrei o português (ora, pois). Ele me reconheceu, paramos no meio da rua e começamos com as lamentações dos desempregados que correm a cidade atrás de emprego e blá blá blá. Mas ai ele me deu uma informação interessante.

Tem um outro centro de apoio aqui, onde eles corrigem seu curriculo, deixam nos padrões da Irlanda e tal.

Meu curriculo já esta corrigido por uma super amiga que também mora fora do Brasil e manja de RH, mesmo assim achei que não faria mal nenhum ir até lá e minha companheira oficial de “procurar emprego” queria levar o dela também, então combinamos de ir hoje.

Depois de dias com um tempo maravilhoso (e atípico) em Dublin, hoje estava chovendo. Coloquei minha jaqueta impermeável (que é um bem totalmente necessário aqui!) e fui para o centro.

Caminhamos até o local e chegando lá fomos informadas de que “claro, com certeza auxiliamos com o curriculo, mas só de segunda a quinta das 10h às 12h). Eram 15h.

Debaixo de chuva, voltei pra casa. E às 17h sai de novo. Marquei com essa mesma amiga de ir num café onde às quinta feiras às 18h tem uma “conversação” e lá fomos nós treinar o inglês.

Na garoa, demos a volta na cidade toda (porque minha amiga não lembrava “exatamente” onde era o café), passamos na frente dele (e ela disse que não era lá), andamos dois quarteirões pra frente e voltamos quando ela decidiu que era lá mesmo. Ainda estava garoando.

Entramos no café e fomos para o local onde acontece o grupo de conversação e surpresa: sabe-se lá porque, hoje não teve.

Voltei pra casa, na chuva. Teria sido melhor ter ficado em casa e batido um bolo... ou ido ver o filme do Pelé!

Catálogos!

Bacana é quando você realmente precisa arrumar um trabalho e só as grandes pérolas batem na sua porta.

Em pleno Domingo a tarde toca meu celular. Atendo e uma voz masculina “tenta” me dizer alguma coisa.

Já comentei em outro post (ou no facebook, não sei bem) que o sotaque Irish é muito complicado, no telefone com voz de homem... fica pior. Enfim, ele falou tudo muito rápido e tudo que eu entendi foi:

- C.V., internet, money.

Pedi desculpas, disse que não entendi e se ele podia por favor repetir. Dessa vez foi melhor, eu entendi:

- C.V., internet, money and work.

Eu disse que a ligação estava ruim, que eu tinha “perdido” algumas partes, ele repetiu pela terceira vez e dessa vez foi muito bom! Eu entendi:

-   C.V., internet, money, work, apply and interview.

Já dava quase pra concluir alguma coisa!

Após o meu silencio (que Graças a Deus foi entendido por ele como: ela ainda não entendeu!) ele disse: I’ll text you!

Ótimo, por SMS não tinha o que errar.

Em minutos recebi a mensagem de que ele estava com meu curriculo para uma vaga que me candidatei na internet, se eu ainda estava procurando emprego. Respondi que sim, do que se trata?

Ele disse (bem por cima) que era para distribuir catálogos, se podiamos conversar na terça às 16h.

Concordei e pedi o endereço. Ele disse que era de fora da cidade mas que viria até o centro para me encontrar. Me daria os detalhes na terça de manhã.

Como eu tinha me candidatado para algumas vagas dessas de entregar planfletos, achei que fosse sobre isso.

Terça de manhã recebi a confirmação para nos encontrarmos no McDonalds e lá fui eu. Chegando, após as apresentações ele me ofereceu um café (que dessa vez eu aceitei) e sentamos para discutir a vaga.

Pessoalmente era (um pouco) mais fácil entender o que ele falava. E ai a surpresa...Não era para “distribuir catálogos”, é na verdade um catálogo de produtos que eu teria que deixar na casa das pessoas e depois recolher com os pedidos. Detalhe: eu pago pelos catálogos, se as pessoas não devolverem o problema é meu e quando alguém faz a encomenda eu tenho que comprar da empresa com o meu dinheiro, pegar o produto e entregar para a pessoa para dai cobrar e receber a comissão.

Agradeci o café e disse (educadamente) que ia pensar.

Só me faltava... Cruzar o oceano e ser revendedora Jequiti!

A entrevista

Bacana é quando você recebe uma mensagem sábado às 15h30 pedindo para você estar às 17h do outro lado da cidade para uma entrevista. Tudo bem, Dublin é uma cidade pequena, nada é assim muito longe... Mas tem que se preparar, encontrar a linha certa do ônibus, ver no mapa onde vai descer... Mas enfim! Precisando de emprego, a gente faz tudo o que for necessário!

E assim, lá fui eu.

Nós aprendemos aqui o seguinte: nós vamos com o google maps do celular ligado no ônibus, ele tem todos os pontos, e assim sempre sabemos onde descer. Estou eu acompanhando o caminho e já me preparei para descer as escadinhas (sim, eu sempre ando no andar de cima do ônibus, é muito mais divertido), o ônibus faria uma curva e eu ia descer no próximo. Ainda tinha que nadar uns 5 minutos, era 16h50. Eu estava em tempo.

Assim que o ônibus virou e eu dei o sinal, o 3G do meu celular simplesmente caiu e não voltava mais! Adeus google maps!

Desci no ponto porque sabia que era o próximo, mas não fazia a melhor idéia de para onde ir.

Comecei a procurar os nomes nas ruas e nada de plaquinha.

16h54

Entrei no mercado na esquina e perguntei, nunguém sabia onde era a rua. 

16h57

Liguei para a mulher.

Ele mandou ficar no ponto e ela me buscaria. Perfeito.

Lá fomos nós, no carro ela me explicou que ela estava ajudando mas na verdade a vaga era pra cuidar dos filhos da irmã dela.

Entrei na casa, fui devidamente acomodada na cozinha e até me ofereceram um café ou chá. Pedi um copo d’água.

Então, minha entrevistadora sentou na minha frente, abaixou a cabeça e colocou a mão entre os olhos (sabe, gesto de pensando? Com o polegar e o indicador apertando a base no nariz entre os olhos?) e disse pra ela mesma: Não estou num bom dia para entrevistas!

Levantou a cabeça e falou:

- Fala ai, o que você quiser sobre você.

Bom, falei o básico... brasileira, professora de educação física, meus objetivos vindo pra Irlanda... bla bla bla

- Ok...E você já trabalhou aqui na Irlanda?

- Ainda não, estou procurando meu primeiro emprego.

- Ah... (abaixou a cabeça exatamente no mesmo jeito da primeira vez) ... eu não estou num bom dia para entrevistas. E você ta morando onde?

Respondi essa e seguiram mais umas duas ou três perguntas e ela abaixou a cabeçade novo...: - Hoje não era um bom dia pra essa entrevista.

(ocupei minha boca com um pouco da água que ela tinha me dado, porque eu realmente não sabia o que falar)

- Você me da um minuto?

- Claro.

Ela saiu, fechou a porta da cozinha e eu fiquei ali... entre 6 e 7 minutos, dai ela voltou, sentou e falou: - Desculpe, hoje não esta sendo um bom dia. Mas vamos lá: o que você gosta de fazer no seu tempo livre?

Respondi e umas 2 perguntas depois ela abaixou a cabeça... – Não consigo pensar nas perguntas, hoje não era um bom dia para entrevista. Mas ok, o que você pensa em fazer para entreter as crianças no tempo livre.

Comecei a falar e ela me interrompeu:

- Preciso ir ao banheiro, você se incomoda?

- Não, claro que não.

Sozinha na cozinha de novo comecei a procurar rotas alternativas de fuga, porque eu tinha reparado que ela trancou a porta que eu entrei. Pela janela não dava e eu não sabia como era a janela da sala... Ela voltou:

- Não quer mesmo um chá? Um café?

- Não obrigada!

- Então, você tem referencias?

- Só do Brasil,ainda não trabalhei aqui.

- Ah é... Nossa... acabei de pensar numa pergunta para fazer, mas esqueci... hoje esta sendo um dia difícil...

- Vamos fazer assim? A Sra. fica com o meu telefone e qualquer dúvida que tenha ou quando lembrar as perguntas ou quando estiver num dia mais tranquilo, a Sra. me liga, que tal?

- Ah! Acho melhor... hoje não estou num bom dia para entrevistas

(Eu JÁ entendi!)

Ela pegou um papel, anotou meu nome telefone, algumas informações que ela achou necessárias e eu já estava em pé ao lado da porta.

- Obrigada.

- OK, obrigada por vir. Não quer um chá ou um café antes de ir embora?

- Não, obrigada, estou bem.

- Ok, qualquer coisa eu ligo.

- Perfeito. Tchau tchau!

Sai, passei o portão e pensei: what a fuck?

Donuts de baunilha!

Bacana é quando você encontra gente a fim de conversar no mercado.

Ontem fui com uma amiga ao mercado para comprar umas coisas para uma pequena confraternização que teremos aqui.

Aqui em Dublin os mercados são muito perto uns dos outros (no centro) e tem uma diferença considerável de preço entre eles, por isso quando fazemos compras nós acabamos indo em todos, e aproveitando o melhor valor de cada um.

Pois bem. Nós já tinhamos ido em dois mercados e entramos no último só para comprar o que faltava. Ambas com sacolas e eu com uma mochila pesada nas costas pegamos o que precisava e eu tive a brilhante idéia de querer comprar Donuts.

Fomos até a prateleira com os Donuts e eu comecei a procurar pelos de chocolate e de baunilha (e só achava os de geléia!) e de repente uma senhora pergunta:

- Vocês estão achando Donuts de baunilha?

- Não... Estou procurando também.

Ai, minnha amiga achou um pacote de baunilha mas estava aberto, mesmo asim ela ofereceu:

- Olha, tem esse, mas esta aberto.

A senhora olhou e falou:

- Puxa, só esse? Sabe o que é, eu não posso levar esses de geléia, porque eu tenho uma alergia... blá blá blá

Dai se seguiu uma conversa de aproximadamente 10 minutos sobre as alergias dela, o que o medico pensa, como eram as refeições dela antes de descobrir a alergia, como a pele fica quando ela está com crise, o porque de ela não poder usar cremes quando a pela descasca e porque ela estava comprando Donuts:

- Minha filha vem me visitar e adora Donuts e pra ela eu posso levar os de geléia, mas pra mim não, porque a minha pele descasca...

Mostrou a pele, explicou como fica pior...

Depois de todas as explicações médicas entendidas, eu falei pra ela:

- A senhora pode ir até o fundo ali onde fica a padaria, tem mais Donuts lá, só não estão na promoção, mas pode ser que tenha de baunilha.

Ela agradeceu, pegou o pacote de Donuts aberto mesmo e falou:

- Just in case!

E foi procurar na padaria.

Eu e minha amiga fomos para o caixa e ela disse:

- Isso não me acontece quando estou sozinha.

Pensei: é... o problema é comigo mesmo!

Foi bom pra treinar o inglês!

Como fala mesmo?

Bacana é quando você vem morar em outro país para ganhar fluência em outra língua e esquece a sua...rs

Parece brincadeira, mas não é!

Várias vezes aqui em casa estamos conversando ou tentando escrever alguma coisa e as palavras simplesmente fogem... A gente não lembra se é com “S”ou com “Z”... “Ç” então esquece... não usa em inglês to abolindo do português também!
Sem contar as coisas que falamos com sotaque... essas são demais! Tem gente que até o próprio nome já fala com sotaque de gringo. 

Misturar as palavras acontece demais! Ainda mais se por acaso elas são parecidas.

Eu acho muito engraçado... ou achava até ontem quando percebi que a coisa pode realmente ficar séria.
Enquanto cortava o cabelo estava ouvindo uma conversa paralela (porque é inevitável “gansar” uma conversa no salão) e ai o diálogo foi fluindo:

- Pois é, eu nem sabia que tava tendo esse campeonato.
- Nem eu! 
- E depois foi todo mundo pra balada “X” para comemorar.
- Jura?
- Juro, eu não fui mas dizem que foi muito bom! Uma grande festa de encerração.

Oi?

Depois, como quem não quer nada fui descobrindo a quanto tempo ele está aqui... São muitos anos, então acho que posso ficar tranquila, antes do encerramento do meu tempo por aqui, ainda devo saber falar português!

De repente 30! Post de inauguração!

E até que enfim... Atendendo a mihares (ou dezenas?) de pedidos, aí está o blog!

Como vai ser? Nem eu sei! Nunca pensei REALMENTE em escrever um blog. Acabo "botando" tudo no Facebook, mas vamos ver o que sai aqui!

Post de estreia no meu aniversário de 30 anos. To ficando velha, e as histórias que me perseguem continuam a todo vapor.

As vezes penso que é só comigo. As vezes não acho possível que ninguém mais tenha a sorte, porque é muita sorte, de ter tanta oportunidade assim de rir as favas com as situações hilárias que a vida pode proporcionar.

O que eu acho é que as pessoas não prestam atenção. Porque se você parar para analisar a sua volta, tudo que acontece com você, vai se deparar com cada coisa...

Mas ok, eu confesso, comigo acontecem umas especiarias!

Algumas são famosas no grupo de amigos: A mulher do guarda chuva no ônibus, o motoboy que exigiu o meu carimbo (que eu nunca tive), os inumeros telefonemas que eu recebia no meu trabalho e o repetitivo neurologista do café.

Aqui em Dublin (Irlanda) onde estou morando atualmente não é diferente. Dia após dia situações inacreditáveis! E sendo estrangeiro, parece que as coisas ficam ainda mais engraçadas!

Acho que na verdade esse blog vai ser um diário de bordo público. E todas as histórias engraçadas que você tiver para contar serão bem vindas também! Divida com a gente! Manda pra cá que vai pro ar.

No mais, pra quem pediu o blog ta aí (façam sua parte: leiam, comentem os posts e divulguem!), pra que não pediu porcaria de blog nenhum ta ai também (façam a sua parte: gostou da idéia,dos posts? Recomende para os amigos. Não gostou? Recomende para os inimigos!). E pra quem é novo na area, seja bem vindo: Essa é a minha (muito divertida, engraçada e feliz) vida!

Enjoy!