Bolo? É comigo mesmo!

Bacana é quando você vira a rainha do bolo...

Não! Eu não estou fazendo bolos. Estou levando vários bolos desde que cheguei na Irlanda.

1º bolo: Começou sendo coletivo... Enquanto procurávamos casa, marcamos com uma garota de conhecer uma acomodação num sábado de manhã. Fomos eu, Karine e Kleiton. Estava um frio inacreditável aquele dia e o lugar era muito, muito longe. Fomos andando e o lugar parecia nunca chegar. Quando finalmente chegamos, às 10h, conforme o combinado, sentamos e esperamos fielmente até às 11h30. Nesse meio tempo ligamos várias vezes para ela sem sucesso e voltamos pra casa.

2º bolo: Aí, diminuiu o número de pessoas. Fomos apenas eu e o Kleiton dessa vez, também para ver um apartamento. Esse não era tão longe. Mas fomos direto da escola, sem almoçar... Chegamos à porta do apartamento às 13h, conforme o combinado, e às 13h40 mais ou menos ele atendeu ao telefone e disse que não ia mais porque alugou o apartamento um dia antes.

É, custa ligar e desmarcar.

3º bolo: Foi quando eu descobri que o problema era eu. Nesse eu estava sozinha. Jogo do Corinthians na Libertadores e marquei de ir com um amigo da escola num pub que passa os jogos aqui. Devido ao fuso, os jogos aqui estavam sendo às 1h50 da manhã. Meu amigo marcou de passar em casa (que era caminho) às 00h30 e iriamos juntos. Fiquei acordada, sentada no sofá esperando. Tentei ligar sem sucesso e às 02h30 recebi uma mensagem de que ele tinha dormido.

4º bolo: Eu não tenho o hábito de ir à Missa... Mas ainda não tinha encontrado nenhum centro espirita aqui em Dublin e resolvi ir na Missa de Páscoa. Na casa em que morávamos antes tinha uma igreja bem próxima. Fui lá um dia antes, vi todos os horários da missa e no Domingo de Páscoa, me troquei e fui para a missa.

Vinte minutos após ter saído de casa eu estava de volta. Abri a porta do meu quarto desolada e a Karine perguntou:

- Ué...Já?

- Já... Jesus não compareceu ao evento...

Ainda sobre trabalho...

Bacana é quando você descobre que algumas coisas que você vê nos filmes podem ser reais...

Ainda falando sobre empregos aqui na Irlanda, nos primeiros meses que eu estava por aqui, eu peguei um bico pra fazer faxina numa casa.

Já tinha conversado com amigas minhas que falaram que foram fazer faxina e pegaram casas em cada situação que dava medo. Mas, sabe como é né... A gente sempre acha que quem conta um conto aumenta um ponto, e aí a gente se arrisca.

Pois bem, lá fui para o outro lado da cidade na casa da mulher. Cheguei lá e era uma família árabe. A menina muito simpática.

Quando entrei no apartamento e olhei o chão do hall: o primeiro impacto... Tinha marca de sola de sapato (sabe quando cai algum liquido no chão e você pisa e sai marcando a casa inteira? Então...), que pareciam estar ali há muitos meses.

Muito simpática ela virou pra mim e falou:

- Quero que você comece pelo quarto do meu irmão, que será o seu maior desafio...

E abriu a porta.

Juro... Quando eu olhei eu tive vontade de sair correndo... Não era possível aquilo ser real. Mas beleza, eu já estava lá mesmo...

Perguntei:

- O que você quer que eu faça com esses papéis?

- Ah! Como eu não sei o que presta e o que não presta, pode juntar tudo num canto que depois ele olha.

- ok. E essas roupas?

- Ah! Como eu não sei o que está sujo ou está limpo dobra e põe no guarda roupa

1. Quando eu não sei se a roupa ta suja ou limpa, na dúvida, eu lavo.

2. Quando ela disse “não sei o que está sujo” meus olhos focalizaram primeiramente, as cuecas.

Bom, ai comecei a juntar tudo e inacreditavelmente embaixo dessa zona toda eu recolhi 7 cascas de banana, muitas cascas de mexerica, incontáveis papeis de chocolate, restos de tudo que é possível imaginar. Difícil.

Essa panela destacada na foto abaixo, continha algum doce e a colher estava grudada no fundo de tal maneira que eu tive que jogar muita agua quente para soltar. Muita água.

Enfim... Uma experiência e tanto. Nem vou falar sobre os outros cômodos, acho que a foto do quarto da uma boa noção do que eu encontrei.

Antes de eu ir embora, o “irmão” chegou. Abriu a porta do quarto e falou:

- Você vez isso? Nossa! É um milagre, eu sei, sou um menino mau.

Mau?? Ele é um menino porco!

TOP 5 lixão da Mãe Lucinda!

Bacana é quando você arruma um bico e vai trabalhar no show do Eminem. Não no show propriamente dito, após o show para fazer a limpeza do local.

Eu conheço gente que já trabalhou em eventos assim e enquanto catava o lixo achou celular, garrafas cheias (e lacradas) de algumas bebidas e até dinheiro vivo mesmo (já ouvi histórias de gente que achou 300 euros!!!!).

Ai você pergunta: - E você? O que você achou?

Confiram o abaixo no TOP FIVE ACHADOS PELA SALEMME NO LIXO:

1. 1 Euro e 10 centavos
2. Uma meia (como é que alguém perde uma meia?)
3. Camisinhas (que eu espero que tenham sido usadas como balões)
4. Uma aranha (enorme, que se a menina que estava trabalhando comigo não visse, ia subir no meu braço)
5. Um O.B (e eu não faço a menor idéia de como alguém troca um O.B num show!)

É... É isso!

Thank you Mr. Murphy!

Jornais antigos...

Bacana é quando você vai fazer passeios com seu amigo e descobre que ele é uma criança que adora brinquedos novos, ainda que vocês não saibam como mexer nesses brinquedos...

Fomos eu e o Leonardo no museu de arqueologia, não achamos muito legal não... bem chatinho lá...Mas quando saimos e vimos que ao lado ficava a biblioteca nacional e decidimos entrar pra ver.

E aí sim... É muito legal! Muito legal! Umas mesas muito legais, com apoios de livros sensacionais e aquelas estantes imensas cheias de livros! Começamos a olhar tudo e vimos uma porta... e entramos...

É uma sala com um monte de aparelhos estranhos e uns arquivos enormes. Dentro de cada gaveta do arquivo, tem um monte de caixinhas com datas e dentro das caixinhas uns rolinhos de filme, igual aqueles filmes de máquina fotografica de antigamente sabe? E ai descobrimos que cada filminho são arquivos de jornais da Irlanda desde mil oitocentos e nada!

Na sala tinham três pessoas utilizando as máquinas estranhas, que são como retroprojetores com uma mini tela acoplada pra você ler o jornal. Mais ou menos assim:

E ai o Leonardo não sossegou enquanto eu não concordei em ler pelo menos um jornal. Pegamos um filme e sentamos na frente de uma das máquinas e não conseguimos fazer nada... nem encaixar o filme em lugar nenhum... A gente tentava e tentava encaixar o filme num lugar lá (que parecia o mais apropriado) e quase quebramos uma parte...

Guardamos o filme (em uma gaveta qualquer porque o Léo não sabia de onde a gente tinha tirado aquele)... e decidimos ir embora.

Quando chegamos na porta pra sair, o Leonardo com aquela cara de cachorro que caiu da mudança e voltamos para a sala.

Pegamos outro filme (e guardamos bem em qual gaveta ele estava), passamos bem devagar atrás da mulher que estava fazendo uma pesquisa para tentar ver como estava encaixado o filme dela e sentamos na frente de uma máquina bem afastada. Tentamos, tentamos, tentamos... guardamos o filme e fomos embora.

Já estavamos fora da biblioteca, descendo as escadas e o Leo pediu pra gente voltar... Porque ele queria muito brincar...

Voltamos.

Pegamos outro filme e sentamos em outra máquina. E ai, eu resolvi girar uma alavanca lá e descobrimos um pino onde o filme se encaixava perfeitamente. Passamos o filme pela frente da lente da camera, encaixamos no outro lado, acendemos a luz e começamos a rodar o filme. Estava de ponta cabeça.

Quando apertamos pra rebobinar ele não enrolou, foi saindo tudo de uma vez, quase que amarrou nós dois no filme... Enrolamos com a mão mesmo e tentamos virar o filme. Passamos tudo outra vez acendemos a luz: continuava de ponta cabeça. Na nova tentativa de rebobinar novo fracasso e lá estava eu toda enrolada no filme de novo.

Comecei a enrolar de novo com a mão mesmo e quando eu estava acabando chegou um guarda atrás da gente... só ouvi a voz:

- Guys?

Pensei: danou-se! É agora que eu vou conhecer a delegacia da Irlanda.

- We are closing ok? (Estamos fechando ok?)

Eu estava tão gelada na cadeira que só balbuciei um “ok”, e tratamos de levantar rapidinho, guardar o filme e dessa vez fomos embora!

Mas... o Leonardo quer voltar lá...

Anúncio de emprego!

Bacana é quando você fica com aquela dúvida: - Isso é desespero para arrumar emprego ou preguiça de pensar?

Tanto aqui no blog como no meu facebook, já mencionei algumas vezes o quão dificil está para se conseguir emprego por aqui (inclusive no post anterior falei qual a minha linha de pensamento sobre isso).

Assim, todos os brasileiros que vem pra cá na mesma condição que eu, precisando trabalhar para pagar as contas, estão correndo (e muito) para conseguir alguma coisa.

Eu, por exemplo, me candidato para qualquer vaga (por enquanto só não estou me candidatando para aquelas que precisarei usar meu lindo corpinho, por enquanto.. rsrs). Brincadeiras a parte, aqui o esquema é esse mesmo... Tenta pra garçom, pra faxineiro, para ajudante, qualquer coisa... viu um papel colado na porta do pub, da lanchonete, do mercado? Corre lá e leva seu curriculo.

Pois bem, nosso ilustre personagem apresentado ontem, chegou em casa alguns dias atrás, todo feliz e pimpante, e disse para a a minha amiga:

- Ei, você pode ver direito essa vaga de emprego aqui que eu vou me candidatar?

E passou o celular pra ela. Ela olhou e na foto estava um cartaz em papel A4 (que vocês podem conferir abaixo, porque eu fiz questão de ir lá tirar essa foto!). Ela leu, releu...

- Quem te passou essa vaga?

- Ninguém, eu estava andando na rua e vi a vaga. Eu estava sem curriculo para entregar na hora e tirei a foto para ver direito.

Minha amiga calmamente devolveu o celular e explicou...

Então... Na boa, não estou “zoando” o nível de inglês de ninguém, mas pra alguém que já está aqui a alguns meses, da pra saber que um aviso sobre não jogar lixo no chão e as multas aplicavéis, não são uma vaga de emprego...

Imagina se ele entra no restaurante e fala que quer entregar o curriculo para a vaga anunciada na porta? 

Por favor... Use a lógica!

Bacana é quando seus amigos te contam algumas coisas que você pensa: Não! Não é possível! Mas dai acontece o mesmo com você...

Uma amiga aqui me contou que outro dia ela estava conversando com um amigo e falando sobre as pessoas que fazem opção de uma alimentação “vegana” (saca, esse pessoal que não come NADA do que seja derivado de animal?) então... ai ele perguntou pra ela:

- Nossa, mas ai como faz se eles não podem comer nada?

- Ah! Tem muitas opções... Tem leite de soja... Carne de soja (que eu, Salemme, particularmente nunca vou entender porque se chama “carne” se é de soja!)

- Ah, mas e manteiga, pode?

- Não.. leite é derivado.. Não pode.

- Ah... Mas e refrigerante? Pode?

Porra! NÃO PODE SE FOR DERIVADO DE ANIMAL!

Enfim, eu não estava presente e minha amiga disse que simplesmente não respondeu. Mas ai, ontem eu estava com eles indo para o centro da cidade e começamos a falar sobre a dificuldade de encontrar emprego. Comecei então a expor minha linha de pensamento sobre isso, que é: o desemprego na Irlanda está alto, logo, entre dar um emprego para nós brasileiros e para um irlandês, eles darão para o irlandês. E eu acho que eles estão muito certos em dar valor para prata da casa. E que nós, no Brasil, não fazemos isso. Normalmente mesmo que você tenha um bom curriculo mas esteja disputando vaga com um estrangeiro, vão dar a vaga para o gringo. E assim seguiu o diálogo:

- É por isso que eu acho que está dificil, mas não acho eles errados; errados somos nós que damos preferencia para quem vem de fora. Estrangeiros sempre valem mais... Se eu disputar uma vaga com um americano por exemplo, dificilmente eu “ganhe” dele.

- Verdade. Mas assim, e se for pra disputar a vaga você e um espanhol?

- Então, seguindo a minha linha de raciocínio, eles ficariam com o espanhol, a questão maior é o cara ser estrangeiro.

- Ah ta. E assim, se estiver você e um italiano? O que você acha?

(Acho que quero me jogar no rio nesse instante...)

- Acho que depende... se ele for estrangeiro, vão ficar com ele.